Caminhando pelas praias de Camburi e outras por aí afora na Grande Vitória, percebe-se a existência de grupos praticando atividade física "acompanhadas" por professores de educação física. Essa atividade mercadologicamente chamada de Circuito na praia. Existem excelentes professores aplicando seus conhecimentos do treinamento físico focado para a melhora do condicionamento físico e controle de peso de seus alunos. Contudo, minha opinião não abrange os bons professores(aqueles que fazem acompanhamento profissional de seus alunos, planejam individualmente seus treinos, motivam-nos, alcançando resultados de acordo com a especificidade biológica de cada aluno), mas sim atinge aqueles que encenam em suas aulas, prestando um serviço desqualificado para seus clientes.
Logo vem o papel do CREF (Conselho Regional em Educação Física) para fiscalizar os professores, mas não é esse o ponto ainda que quero chegar. O ponto é a qualidade do serviço que muitos professores de Educação Física prestam. Serviço este que não passa da mera repetição de movimentos, sem o mínimo planejamento e transposição para a realidade do aluno. Isso demonstra a fragilidade teórica em que os professores de Educação Física estão se formando. É inconcebível alguém trabalhar com o treinamento sem um mínimo de preparação teórica, não digo os estagiários, mas reafirmo, a maioria dos professores de EF estão adentrando ao mercado de trabalho despreparados para aplicar seus conhecimentos, caindo na teia mercadológica dos circuitos, dos trainings, etc., sem que utilizem sua intelectualidade para produzir seus próprios treinos personalizados dentro de um grupo.
Esse texto relata a indiferença entre muitos professores formados e leigos. Sim, existem profissionais que fazem um trabalho tão irrelevante que mal se diferenciam de leigos, e até conquistam menos resultados que os mesmos. Contudo, o diploma é pré-requisito para atuar na área profissional, cabendo ao CREF, resguardar o direito das pessoas em geral em serem atendidas por um profissional capacitado para tanto.
Enfim, em Camburi, praia que mais frequento para praticar atividades físicas, conheço poucos profissionais que estão realizando um trabalho de fato produtivo com seus alunos. Enquanto outros, apenas marcam seus circuitos com cones, contam piadas, cortejam seus alunos (as), encenam de forma geral o seu trabalho, não demonstrando grande vantagem para seus alunos ao trabalharem com os mesmos.
Esses tipos de profissionais desqualificam a EF. Isso porque o imaginário da população em geral acaba permanecendo no nível de que "se for pra fazer isso, eu faço sozinho", isto é, se for para ter uma aula de baixo nível teórico, melhor treinar sozinho. Ou então, quando um professor realiza um treino diferenciado e que não atende ao mesmo imaginário de que uma aula tem que possuir Y minutos e tem que fazer tais movimentos para ser uma aula de alguma modalidade de movimentos, o aluno desqualifica-o ao não entender o porque dele fazer diferente de outros professores.
É semelhante a um cenário em que os bons pagam pelos maus professores. Precarizando o campo de trabalho, com salários cada vez menores e invasão do mesmo campo por outras áreas de conhecimento, para além da precarização da formação superior, tanto pelo imaginário apresentado pela realidade que a EF apresenta à maioria da população, quer seja pelo perfil dos alunos que adentram e se formam.
A EF é um área arraigada de muitos conhecimentos, aqueles que são profissionais tem o dever e devem buscar o poder de demonstrar isso a todos aqueles que o cercam. A EF não pode ser pormenorizada a mera repetição de movimentos ensinadas por um "professor". A EF precisa de pessoas que lutem por sua qualidade mínima, e isso parte de todos, tanto de Conselhos Profissionais, pelos próprios profissionais, universidades e também daqueles que dependem dos conhecimentos das pessoas formadas em Educação Física.
Parabéns àqueles que ainda prezam pelo seu trabalho e dispõem um bom serviço a todos! E não desistam de sempre aprimorar seus conhecimentos, pois a luta é diária!
